O espírito se levanta de um sofá de três lugares
Logo quando a carne se
senta ao lado
O sorriso do espírito cessa
Quando a carne aparece
O espírito não olha nos
olhos da carne
E abaixa a cabeça quando a
carne passa
Pela mesma calçada
O espírito evita falar com
a carne
Finge que ela não existe
Não ouve, não responde,
ignora...
O espírito nunca chama a
carne pelo nome
É sempre “ela” “aquela” “a
outra”...
O espírito evita olhar para
a carne no espelho
O espírito queria ser
revestido de penas como uma pomba
Ou de lã como uma ovelha
O espírito se cobre de
roupas longas até no paraíso
O espírito se lembra da
carne quando sente prazer e dor
E sente dor quando se
lembra da carne
O espírito é vegano
Não comeria nem peixe dado
Pelas mãos de Jesus.