Poesia
é um bicho solto
Pra
mulher subir pela parede
Como
a sereia que sobe o rio
Quando
uma onça mata a sede.
Poesia
é um bicho dos livros
E
eu sugiro que não os abra!
Sente-se
melhor uma ovelha
De
frente pro chupa cabra.
Poesia
é um bicho dos livros
Entre
as folhas como o caipora
Que
leva a gente à perdição
Sem
noção de espaço e hora.
Poesia
é um bicho confuso
Pois
se não lhe falta a cabeça
Como
na mula sem cabeça
Falta-lhe
um parafuso.
Poesia
é um bicho diferente
Do
temido bicho papão
Pois
só aparece quando ligam
A
luz da imaginação.
Poesia
é um bicho misterioso
Nela
de tudo se inventa!
Até
se mata um lobisomem
Utilizando
bala de menta.
Poesia
é uma mentira cabeluda
E
como na Bahia não neva
O
monstro das neves faz um bico
De
abominável poeta da treva.