domingo, 27 de janeiro de 2013

Ideias de jerico



Como poemas com farinha
E as pessoas nem tchum!
Erro de porta em porta com meus poemas sujos
Sem quê nem pra quê gostam d’algum

Toda mão é um disse-me-disse danado
Num tô aí nem tô chegando
Há quem não goste de nada que lavro em versos
Pra estes, continuo andando e cagando

Vão para o jebi-jebi palavras minhas; avoa!
Tá rebocado que as observam em liberdade
Sei que as esperam de butuca ao pé da janela
Nada do que escrevo é à toa

Servir-lhes-ei uma saborosa sopa de letrinhas
Bem diferente destes miojo
Joguem fora também as sopas de abobrinha
Abrandem o meu entojo

Poemas na mão grande só fazem aumentar
A minha moral de jegue
Mas... idéias de jerico iguais as minhas
Ahh, meus amigos! Creio que ninguém consegue

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O peso da pena


A caneta deixou
Calos em minhas mãos
Contudo me calo

Só sei que tudo imagino


Fiz um aviãozinho de papel
E com ele vou até os planetas
Sei que a queda pode ser fatal
Mas conto com os dados na caixa-preta.

Desdobro-me em pousos forçados
No nosso ex 2 de julho
Renomeado por quem amava a Bahia;
Amor esse, sem uma gota de orgulho.

Por falar em gota! - Navego no mar da Bahia
Mas, navegar na internet é preciso
Meu pensamento viaja num barquinho
Feito de papel e siso.

Sei que nada sei - Só sei que tudo imagino
Mesmo com simples origamis.

Mestres da favela


Não tenho mestrado pra exibi-lo
Não sou mestre de obras, mas...
Em algumas coisas eu me viro
-Trabalhei o dia inteiro até agora!

Cheguei em casa sujo e cansado
Minha mãe perguntou: - quer dizer
Que o doutor não almoçou hoje?
Respondi entredentes: - sinsinhora

Mas não estou com fome ainda
Estou atrasado pra roda de capoeira
Lá sou mestre de verdade!
Derrubo quem se atreva na rasteira

Diploma não torna ninguém doutor
Pinceladas experientes fazem o pintor
Gestos esplendidos fazem grande o ator
E palavras inveteradas fazem o escritor

Agora, chega de muita conversa!
Minha hora se acabou
Sou um humilde mestre de cerimônia
Vou me retirar que o poeta chegou

Na ponta da língua


Quero adivinhar
O que você anda pensando
Para tirar palavras da sua boca
Depois colocar nela de volta
Outras palavras
Que você não disse

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Caixa de papelão


Não consigo pensar fora da caixinha
Onde o sucesso é medido com cifrão e
Zeros à direita na conta bancária dum bundão

Fora da minha caixa de papelão
Os valores não são os mesmo de outrora
Sem ascensão social nada tem importância
Mesmo o crepúsculo, o luar e a aurora

Dentro da minha caixa de pensamentos tem
Duvidas, tem equívocos, tem ignorância
Tem frustrações e arrependimentos. Sou real

Abro a caixa de Pandora - com a coragem
E a imprudência de uma criança - sinto-me bem
Deixo que se vá, todos os males embora
Até que me reste apenas a esperança