sexta-feira, 6 de março de 2015

Morte cínica


Formas diversas
de morrer de versos:
se eu morrer no verbo transitivo
saiba que isso acontece direto.
se eu morrer de raiva
e perder a cabeça
foi poemicídio desqualificado
porque covardia
me deixa doente...
se me crucificarem entre marginais
lembrarei que nem Jesus agradou a todos.
se eu morrer de fome e calor
foi suicídio lento...
se eu morrer de sede “dêem-me de beber,
que não tenho sede!”
se eu morrer de overdose
é porque sai poesia até na urina do poeta.
se o feitiço virar contra o feiticeiro
morrerei do meu próprio veneno.
se eu morrer na praia
é porque, para mim,
já estava,  o mar, morto.
se me fuzilarem com o olhar
e eu morrer de amor
foi um acidente!
se eu morrer de saudade e vontade
foi uma morte lenta.
se eu morrer de medo
de dizer que eu te amo
me reanime com uma massagem
quem sabe, um strip tease.
“morrer [de sono]
se preciso for...”
morrer de tédio
é natural.
e se de repente eu morrer de rir
não chore
a vida continua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário