Sou a pessoa mais trabalhadora e também
a mais preguiçosa entre
todas as que conheço.
Uma vez eu deitei para
dormir numa sexta-feira
e só acordei no domingo à
noite.
Teve uma semana que eu
trabalhei tão exageradamente
que precisei me apoiar nos
ombros de duas pessoas
para conseguir chegar em
casa
e levei três dias para
conseguir segurar um copo descartável
com água dentro.
Outra vez eu estava
trabalhando numa construção
e um garoto de quatorze
anos que me via trabalhar
me falou que se eu
trabalhasse numa empresa eu iria ser
o funcionário do mês todos
os meses.
Sou a pessoa mais feliz,
cheia de vida e soturna
ao mesmo tempo.
Uma vez eu fui fotografado
com um sorriso largo no rosto
e quando revelaram a
fotografia eu aparecia sisudo
com cara de poucos amigos.
Sou a pessoa mais pacífica
e mais agressiva e forte
entre todas as que
conheço.
Uma vez eu briguei na
porta da escola com um pivete boxer que
tinha o triplo da minha
altura e o triplo do meu peso
mas, sem conversa
de cima da bicicleta eu
dei uma testada no punho dele
e o punho dele ficou
sangrando muito
e toda vez que eu o
encontrava na rua eu o colocava para correr
atrás de mim.
Depois de dar socos e
garrafadas, depois de tomar facadas e tiros
ele foi se encontrar com
deus
mas eu juro que desta vez eu
não tive nada a ver com isso!
Dizem que sorte financeira
é azar no amor.
Uma vez eu precisava de
sessenta reais para pagar uma dívida
que venceria no dia
seguinte
então, enquanto caminhava,
de manhã, eu achei cinco reais no chão
à tarde, em outro lugar,
ache mais cinco reais
e à noite eu ache
cinquenta reais no meio da rua.
Uma vez eu fui ao forró e
lá eu convidei uma moça para dançar
e ela disse não
Para não ficar com a cara
no chão, eu convidei a colega dela logo ao lado
e ela disse não
Eu, sem encontrar um
buraco no chão
para enfiar a cabeça,
convidei a outra colega ao lado
e ela disse não
Sem saída, e já me
sentindo um lixo fedorento, eu convidei
a quarta e última colega
e ela disse não.
Sou a pessoa mais burra e mais
inteligente que conheço
ao mesmo tempo.
Há seis meses que estou
tentando decorar o poema “poema do beco”
de Manuel Bandeira
e deixei de passar num
concurso porque errei a questão que
perguntava quanto é dois
mais dois.
Uma vez eu fiz um curso e,
durante as aulas, a professora me falou que
ela tinha aprendido muito
comigo
e, ao final do curso, eu
tive que preparar um certificado para ela
com o meu carimbo e
assinatura.
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