Tenho uma mente nada brilhante
Tenho
muitos talentos imaginários
Tenho
atenciosos amigos imaginários
Que
cuidam bem de mim.
Tenho
inimigos imaginários, algozes
Que
com fogo amigo me atingem
E
me ferem como feras que são.
Tenho
namorada imaginária
Apaixonada
Beijo-a
na poeira em um monitor
Escuto
fotografias, namoro pixels, bits
Escrevo
poemas reais para leitores imaginários
Sussurram
meu nome
Ouço
passos, aplausos e vaias
A
todo instante.
Morro
de doenças imaginárias
Corro
perigos imaginários
E
sou curado com o tempo
E
sou salvo por quem imagino que sou.
Cresci
dentro de uma sorveteria
Que
não tem sorvete
Não
tem
beijinho
morango
bombom
chocolate
Romeu
e Julieta
amendoim
napolitano
abacaxi
abacaxi
com vinho
tamarindo
açaí
cupuaçu
ameixa
banana
com canela
brigadeiro
chiclete
coco
creme
crocante
damasco
flocos
frutas
tropicais
graviola
iogurte
com amora
limão
menta
milho
verde
negresco
nozes
panetone
passas
ao rum...
Ajoelho-me
frente às freezers
E
perco muito tempo tentando escolher...
Decidir-me
entre alternativas que nunca tive
E
escolho sempre o sabor que imaginei...
Nenhum comentário:
Postar um comentário