Nesta
páscoa eu estava vendo na televisão uma reportagem que
mostrava
pessoas carregando cruzes para sentirem
o
mesmo que Jesus sentiu...
Eu
acho que elas poderiam procurar o que fazer e talvez
encontrassem
uma forma melhor de sentirem
um
pouquinho do que Jesus pode ter sentido...
Se
você nunca trabalhou até ouvir de um garoto de quinze anos que
se
você estivesse trabalhando numa empresa qualquer, você seria toda vez
o
funcionário do mês...
Nunca
trabalhou até sentir o sol fritar seus miolos
e
sair fumaça das suas costas enquanto o suor
por
ela escorria...
Nunca
usou como esfoliante de pele sacos de farinha cheio de areia ou entulho
nas
assaduras das costas
causadas
pelo sol...
Nunca
trabalhou durante o dia inteiro até a sua garganta se fechar
e
a única água disponível, em quilômetros, era água quente da torneira
ou
a de um reservatório com larva de mosquito
ou
nenhuma...
Nunca
trabalhou até os cortes e bolhas que surgiram nos pés ou mãos sangrarem
e
você não conseguir segurar nem a toalha
na
hora banho...
Nunca
trabalhou até os seus joelhos lhe impedirem de andar direito
e
você precisar recorrer a ajuda dos próprios braços para subir os degraus
de
uma pequena escada...
Nunca
trabalhou a ponto de olharem para o seu joelho e lhe perguntarem se você
caiu
de moto...
Nunca
trabalhou num ambiente insalubre, com produtos químicos,
e
nos primeiros dias de trabalho sua arcada dentária esteve tão dolorida
que
você não podia mastigar sequer uma banana
ou
um pão de hot dog...
Nunca
trabalhou até ser expulso do local de trabalho pelo patrão
ou
colega...
Nunca
trabalhou num lugar sem energia elétrica até o ambiente ficar tão escuro que
você
não podia enxergar mais nada a um palmo a sua frente...
Nunca
se sentiu obrigado a trabalhar todo molhado,
debaixo
da chuva...
Nunca
trabalhou voluntariamente por nove ou dez horas consecutivas, sem pausa para almoço,
mesmo sabendo que só lhe pagariam por apenas quatro horas de trabalho
e
nem 1 centavo a mais, de acordo com o contrato...
Nunca
cochilou de cansaço e acordou sobre o seu trabalho
ou
cochilou dentro do ônibus e foi parar em outro bairro e teve que voltar
andando,
pois
estava sem dinheiro...
Nunca
teve que andar por quilômetros até o trabalho porque
os
motoristas estavam em greve
ou
porque precisou gastar o dinheiro do transporte...
Nunca
foi roubado no trabalho, teve que pagar todo o valor roubado
e
ficou sem receber salário
no
fim do mês...
Nunca
caiu de sono num mármore gelado, sem ao menos um papelão por perto,
e
acordou, todo moído, com o barulho do elevador...
Nunca
teve que aturar cachaceiros, fumantes e drogados
durante
toda a sua adolescência... Nunca foi uma
criança
que
vendia bebidas inclusive a outras crianças...
Nunca
teve que equilibrar tachos pesados, com caranguejos e
liquido
fervente, numa mão
e
bandeja pesada com pratos, copos e garrafas noutra mão...
De
tão cansado nunca marretou, fortemente, quatro ou cinco vezes,
na
mesma mão, no mesmo dedo,
no
mesmo lugar...
Então,
se você nunca viveu nenhuma destas situações
ou
situações semelhantes a estas
não
me venha falar em trabalho duro, nem arrotar seus
méritos
e sucessos...
“Cada
cachorro que lamba sua caceta...”. Ou melhor,
cada
um que carregue a sua cruz!
Eu
sempre acreditei que o trabalho danifica o homem.
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