Versos de Merda: Cardápio de poemas

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Cardápio de poemas

Poesia é ganhar palavras

Através das experiências

Aquecer-se, não numa fogueira

Mas através da arte de imaginar

E matar a fome, lendo

Um cardápio de poemas

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Eu, a mesma “Merda” e o Blog

Sou estudante de design na Universidade Federal da Bahia;
Não sei para onde vou e o que fazer, mas sei para onde não vou e o que não fazer;
Sem religião, auto-intitulado “esquerda lagosta”;
Meu livro preferido: talvez eu comece a escrevê-lo amanhã;
Meu poeta preferido tem a minha idade, a mesma altura, peso, cor e voz;
Cinéfilo e apaixonado por poesia em todos os sentidos da palavra;
Apreciador de artes plásticas, fotografia, dança de rua, rap, forró, MPB e teatro.

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos [ou vaias].”

I
moro no país do carnaval
num estado de ais
na cidade da alegria
na rua da amargura
na casa dos meus pais.

II
ainda que eu ande
pelo Vale da Muriçoca,
não terei medo de nada.
porque, o Senhor está comigo;
ele me protege e me dirige.

III
no bairro eu sou o filho de Dona Neinha e Seu Edinho
na solidão do meu quarto eu sou o poeta
na obra eu sou o ajudante de ajudante de pedreiro
na mesa de bar eu sou filósofo
na faculdade eu sou mais um estudante de design
na verdade não sou nada.

IV
sou o meu homem
sou a minha mulher
sou o meu menino
sou o meu cachorro com
quase trinta e cinco anos.

V
eu gosto de pessoas, mas
sou bem casado com
a solidão.
ela é compreensiva,
e não sente ciúmes quando
eu saio com pessoas.

VI
minha mente é a minha
desconfortável morada
e corre por trás dela
um desgosto a céu aberto.

VII
pensar me deixou distraído
não vi que no meio do caminho tinha uma merda
agora é tarde!
posso pensar em merdas o dia inteiro
não quero nem saber onde é que essa merda vai dar.

Bukowski disse:
“Alguns nunca enlouquecem. Que vida de ‘merda’ eles devem levar.”

Leminski escreveu:
MERDA E OURO

“Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.”

Caetano cantou:
“Nem uma doce oração, nem sermão
nem comício à direita ou à esquerda
fala mais ao coração do que a voz
de um colega que sussurra: "merda”...

Gente que sabe fazer a beleza vencer
pr’além de toda perda
gente que pôde inverter para sempre
o sentido da palavra merda.

Merda, merda pra você, desejo merda
merda pra você também
diga merda e tudo bem
merda toda noite e sempre, amém.”

No jargão teatral, “merda” é uma saudação que significa sorte.

“Versos de merda” é um blog onde compartilho poemas da minha autoria.

Poemas sobre a vida, especialmente para pessoas que não se interessam por poesia...

Ler é o papel que te dou. Entre e boa leitura!
Ou melhor, merda para você também!