Sinto-me um vira-lata
Que
dorme a céu aberto
Todos
ficam com pena, mas
Ninguém
o quer por perto
Sinto-me
um mendigo
Que
passa sem ser notado
Até
incomodar as pessoas
Pedindo
qualquer trocado
Sinto-me
um bêbado
Que
cai no final da festa
E
arranca um sorriso de todos
Até
de quem o detesta
Sinto-me
um operário
Um
operário em construção
Escondido
atrás da farda
Sem
rosto, sem coração
Sinto-me
um palhaço
Que
sozinho animou o show
Mas
quando sua lágrima caiu
Ninguém
a enxugou
Sinto-me
um cego
Que
a vida puxa pelo braço
Mas
não gosta de ser puxado
E
vai ao ritmo dos seus passos
Sinto-me
um velhinho
Cheio
de histórias pra contar
Que
escreve suas histórias
Por
não ter quem o escutar
Sinto-me
uma criança
Que
pensa estar noutro país
Ou
bem longe de casa
Ao
passear pela vizinhança
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