segunda-feira, 1 de julho de 2013

Empatia


Sinto-me um vira-lata
Que dorme a céu aberto
Todos ficam com pena, mas
Ninguém o quer por perto

Sinto-me um mendigo
Que passa sem ser notado
Até incomodar as pessoas
Pedindo qualquer trocado

Sinto-me um bêbado
Que cai no final da festa
E arranca um sorriso de todos
Até de quem o detesta

Sinto-me um operário
Um operário em construção
Escondido atrás da farda
Sem rosto, sem coração

Sinto-me um palhaço
Que sozinho animou o show
Mas quando sua lágrima caiu
Ninguém a enxugou

Sinto-me um cego
Que a vida puxa pelo braço
Mas não gosta de ser puxado
E vai ao ritmo dos seus passos

Sinto-me um velhinho
Cheio de histórias pra contar
Que escreve suas histórias
Por não ter quem o escutar

Sinto-me uma criança
Que pensa estar noutro país
Ou bem longe de casa
Ao passear pela vizinhança

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