Considero um ovo dourado
Cada
poema que já compus
Mas
não são ovos de galinha
São
ovos de avestruz
Escrevo-os
para não sofrer
Meus
poemas valem ouro
Com
eles dou olé nos revés
Tal
como toureiro no touro
Procuro
compor algo belo
Que
também desate nó
Assim
mato dois coelhos
Com
uma cajadada só
Essa
coisa de matar bicho
Eu
nunca gostei não!
Mas
poeta é assim mesmo
Todo
dia mata um leão
Meu
estilo é pesado, pois
Escrevo
coisas da mente
Que
não é um elefante
Mas
incomoda muita gente
Corro
atrás da felicidade
Como
se ela fosse borboleta
Mostro
o que vim fazer aqui
Nunca
guardo em gaveta
Rumino
o passado num deserto
Mas
não tenho dom pra camelo
Tenho
muita sede de vida
E
a levo por um fio de cabelo
Não
posso com a vida inteira
Vou
vivendo a retalho
Conquistando
o meu espaço
Cada
macaco em seu galho
Vivo
a surpreender quem não
Contava
com minha astúcia
Esperam
que eu fale de ódio
E
eu falo de urso de pelúcia
Que
se chama poesia
E
me dá um trabalho danado
Dando
cria quase todo dia!
Três
tigres tristes leram
Cada
um, três poemas meus
Os
três tigres gostaram muito
E
a tristeza se escafedeu
Não
jogo pérolas pra porco
Que
porco não é homem
Jogo
colares de poemas e
Só
os amigos os consomem
Não
tenho medo da solidão
Nasci
um cabra macho
E
sei que nem toda fruta boa
Dá
em penca ou cacho
Nunca
chutam cachorro morto
Nunca
chutam poeta morto
Mesmo
que tenha fracassado
Transformam
em gênio um torto
Escrevo
em covil de cobras
Em
cada obra tento poemicídio
Tenho
medo de conseguir...
Mas
sei que são ócios do ofídio
Ansiedade
é o que me mata
Morro
de véspera igual peru
Mas
se tiver que ser será meu
Não
adianta tanto calundu
Ferir
não é o que quero
Humildade
é o que eu invejo
Mas
quando percebo já é tarde
E
a vaca foi pro brejo
Quando
um burro escreve
Um
homem inteligente nem lê!
Se
você, sábio, leu até aqui
Continuarei
a escrever...
Todos
os dias perco o sono
Mas
não conto carneirinhos
Conto
minhas histórias em
Poemas
até ouvir passarinhos
Tenho
muita inveja do galo
Porque
ele sabe cantar
E
ele tem muita inveja de mim
Porque
eu sei voar...
Poema
é um cavalo alado
Que
invade o seu coração
Como
um presente de grego
Causando
muita confusão
Voo
alto como uma águia, mas
Daqui
de baixo que vejo tudo
Se
pudesse eu nem falava...
Só
escrevia e ficava mudo
“Aparecer
para se encontrar”
Nisso
o pavão tem mestrado
Ele
sabe que o que é bonito
Foi
feito para ser mostrado
Homem
e homem não dá lobisomem
Mulher
e mulher não dá jacaré
Papel
e lápis dá poesia
Eu
e você - se deus quiser...
Finalmente
falarei do veado
Sempre
perseguido por feras
Que
se acham donas da natureza
E
do coração dos outros
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