sábado, 24 de maio de 2014

Ilha dos pequenos prazeres


ENCHEÇÃO DE CHOURIÇA

Apesar das faltas inexplicáveis em meu caixa
Apesar dos cheques sem fundo, dos prejuízos,
Da gasolina dentro do tanque do carro a álcool
E da gasolina no tanque do utilitário e do caminhão
Eu era um frentista exemplar.

O fardamento, primeiramente verde e branco
E depois branco e azul marinho
Estava quase sempre limpo e bem passado
A minha postura na “pista” era impecável:
Coluna ereta e mãos para trás do corpo.

Eu lavava bastante parabrisas
Pedia para “olhar a frente” dos carros
Checava o nível do óleo do motor, freio e direção
Reservatório de água do radiador e do parabrisa
Tudo com muita agilidade, boa vontade e cortesia.

Mantinha sempre a pista limpinha e sem poças d’água
Sempre chamava os veículos para a minha “ilha”
Enquanto alguns colegas se fingiam de distraídos
Deixando de chamar os clientes para o seu posto
Ou ajudar os colegas no atendimento.

O QUE MAIS INTERESSA

Lembrei-me de um fato entre os que me irritavam:
Certo dia, lá no posto, apareceu-me uma bela cliente
Todos queriam atendê-la, mas ela parou na minha ilha
Com um belíssimo decote para abastecer o meu desejo
E eu discretamente filmei o que pude em plano plongée.

Pensei que era meu dia de sorte, mas quando percebi
Todos os frentistas e até o gerente juntos me ajudavam...
Quero dizer, me atrapalhavam com tanta indiscrição!
Eu fiquei tão P da vida na hora que me afastei
Para deixar as moscas pousarem no pudim...

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