terça-feira, 16 de abril de 2013

Concerto na floresta


Canta sem medo caboclinho
Canta de onde estiver
Seja de dentro da armadilha
Ou de dentro do seu ninho

Canta, mas canta pra caralho
Canta de onde estiver
Voando entre as árvores ou
Empoleirado sobre um galho

Canta passarinho, canta que
Quem canta os males espanta
Seja preso num alçapão ou
Voando livre entre as plantas

Canta para a aurora uirapuru
Canta que teu canto é mavioso
E todos param pra te escutar
Então deixa de calundu

Canta com graça coleirinha
E canta como pássaro livre
Que esta coleira em teu pescoço
É coleira de mentirinha

Teu nome é papa-capim
Canta que teu canto é bonito
Mas canta bem alto, feito grito
Não cante só para mim

Canta cardeal, mas canta com fé
Roga ao deus dos passarinhos
Vida longa em liberdade
Sem arapucas no caminho

Canta canário-da-terra, canta
Com bravura em teu território
Em nome do amor, gorjeia
O seu belo canto de guerra

Canta graúna, arrepia as plumas
E faça bastante barulho
Mostre que livre e com o zóio
Cantas com mais orgulho

Gorjeia sabiá-laranjeira
Cante-nos a sua doce seresta
Mostre-nos que é seu
O que sobrou da floresta

Canta e encanta corrupião
Canta que é o seu dever
Cantá pra não sofrê, como
O violeiro com um violão

Canta também curió, canta
Todas as alegrias e tristezas
Canta que a vida é dura
Mas se não cantá fica pió

Cantem de alma e coração
Para o homem saber distinguir
Entre o canto de liberdade
E o canto de lamentação

Nenhum comentário:

Postar um comentário