terça-feira, 2 de outubro de 2012

Madeirites no caminho



Algumas formigas conseguem erguer
o equivalente a  50 vezes o próprio peso
Cortam e mastiga folhas o dia inteiro
Elas trabalham tanto porque não sabem cantar.

Eu carrego ferro velho e fardos de papelão o dia inteiro
Puxo carroça debaixo do sol e chuva
O vira lata, sempre ao lado
passa por tudo que eu passo sem reclamar
Trabalho tanto porque no país do futebol e do carnaval
não sei driblar, nem batucar.

Desde criança colocaram em minha cabeça que
eu não sei escrever
E dizem (vê se podem...) que eu não sei falar
Falar eu sei
mas passo por tudo isso calado
porque ninguém está pronto para me escutar.

Eu sei ler um pouco
Principalmente as figuras
Não criei gosto pela leitura
A minha vida já é um livro aberto
Mas quem vai ler as palavras de uma realidade tão dura?

O dinheiro que me dão, é meu
Com ele faço o que eu quiser
Também tenho minhas próprias futilidades
e meus próprios vícios
Que não são melhores nem piores que os teus.

Não fui seduzido pelo crime
Nem ele quis me tirar do sinal
Com um pouco mais de disciplina e treino
dariam mais de cem pra me ver no Circo de Soleil
Aqui, dão 50 centavos e já acham que deu muito
Ainda assim, dou graças a Deus pelo que vier.

Tábuas, paus e madeirites pelo caminho?
Cato todos; um dia construirei um barraco...

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