quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O preço da praça


A praça! A praça agora tem grades,
cadeados, correntes
Cães de guarda, spray de pimenta
e cassetetes
Ela não é mais do povo
Nem dos pombos

A praça não nos leva ao mundo
em uma fração de segundo...
Se ao menos escutassem o som da minha voz
eu cantaria na praça meus fracassos e glórias
Mas, só me deram as redes sociais
Não me deram tribuna,
nem o dom da oratória

Não gosto de megafones
Desconcerto-me todo em público
Ao microfone esqueço até o meu nome,
idade e numero de telefone

Aqui?
Sei que não sou cliente de nada
não passo de mero produto
Mas, sendo o produto,
serei um produto à frente do tempo
Um produto-protesto, estragado,
indigesto

Pra que pintar a cara,
tirar a roupa em público,
abraços simbólicos
ou atirar sapato na cara dos outros?

Não me jogo debaixo de cassetetes
ou em boca de cachorro
Nem dou o braço a torcer
Prefiro escrever
Pois, o que se escreve
bala de borracha não apaga

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