A praça! A praça agora tem grades,
cadeados,
correntes
Cães
de guarda, spray de pimenta
e
cassetetes
Ela
não é mais do povo
Nem
dos pombos
A
praça não nos leva ao mundo
em
uma fração de segundo...
Se
ao menos escutassem o som da minha voz
eu
cantaria na praça meus fracassos e glórias
Mas,
só me deram as redes sociais
Não
me deram tribuna,
nem
o dom da oratória
Não
gosto de megafones
Desconcerto-me
todo em público
Ao
microfone esqueço até o meu nome,
idade
e numero de telefone
Aqui?
Sei
que não sou cliente de nada
não
passo de mero produto
Mas,
sendo o produto,
serei
um produto à frente do tempo
Um
produto-protesto, estragado,
indigesto
Pra
que pintar a cara,
tirar
a roupa em público,
abraços
simbólicos
ou
atirar sapato na cara dos outros?
Não
me jogo debaixo de cassetetes
ou
em boca de cachorro
Nem
dou o braço a torcer
Prefiro
escrever
Pois,
o que se escreve
bala
de borracha não apaga
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