sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Um dedinho de prosa


Quando eu tinha treze ou quatorze anos lembro que,
uma vez, desci a rua e parei no murinho da oficina de Carlitos.
Local onde meus amigos e eu nos reuníamos à noite para ter
um dedinho de prosa.
Neste dia um dos meus amigos não compareceu ao muro. Então
fui à janela da casa dele chamá-lo para juntar-se aos demais
e o encontrei sentado no sofá com um caderno aberto sobre colo
e uma caneta em punho.
Logo, recusou o meu convite porque estava a escrever poesias...

Imediatamente pensei, desapontado:
Poesia...
Isso é coisa de meninas!

Hoje, duas décadas depois, eu respiro poesia como poesia
como flor como mulher e sinto que
quando escrevo um poema não estou fazendo coisa de mulher
e sim, coisas com mulheres.

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