Hoje eu fui dormir com um grilo na cabeça
O
grilo fez eu me lembrar da minha infância
E
tentei imaginar as muitas dificuldades que
Os
animais precisam enfrentar sozinhos.
E
me lembrei de um galo que eu tive
Garboso,
valente, especial
Embora
tivesse perdido uma das patas.
Lembrei
também de uma pomba que eu tive
Branca,
suja, magra, mas resistente
Pois
também perdera uma das patas.
Hoje
eu fui dormir com um grilo na cabeça
Pergunto-me
onde ele estará agora
O
conheci a mais ou menos duas semanas
E
não o vejo a mais ou menos dois dias.
O
meu grilo só tem cinco patas
Quando
eu chego da rua e acendo a luz
Ele
vem me receber pulando de alegria...
Para
em cima do pano de chão branco, sujo,
Para
que eu perceba a sua insignificância
E
volta para debaixo da cama.
Hoje
eu fui dormir com um grilo na cabeça
Será
que o meu grilo morreu?
Será
que eu o pisei e nem percebi?
Onde
ele estará agora?
Como
perdera uma das suas patas
E
metade de uma das suas antenas
E
ainda encontrava forças para pular?
Por
que eu nunca o ouvi cantar?
Será
que os seus semelhantes o fizeram
Acreditar
que ele não sabia cantar?
Hoje
eu fui dormir com esse grilo na cabeça.
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