sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Ingredientes


Num poema cabem palavrões como,
por exemplo,
paralelepípedos e esternocleidomastóideo
Trocadilhos caem bem como sequilhos
para não correr o risco de enganos
E metáfora é como uma chave-mestra
Que abre as portas de qualquer coração.

Num poema cabe auto-retrato escrito
auto-caricatura
auto-biografia
auto-critica
mas auto-ajuda não cabe!

Cabe Vitória, Saúde, Piedade, Liberdade...
Cabe humor cabe uma cidade inteira, porém
convicções, moral, normas, regras
paradigmas...
costumam estragar a brincadeira...

Contradição é inadmissível!
Portanto cabem amor e ódio no mesmo poema
já que ambos não se excluem entre si
Protesto? Não cabe!
Melhor sujar a cara com aquarela,
nas cores verde e amarela,
que sai com água
A poesia nos estranha, entranha...

Ironia em poesia, jamais...
Se no meio do caminho tiver uma merda
ou se tiver uma merda no meio do caminho
cabe uma paródia
cabe redundância cabe superfluidade de palavras
cabem contradições se forem usadas com incoerência
cabem equívocos se forem redondos
cabe dez por cento de mentira cabe mimese...

Cabem invenções...
Cabe uma renca de invenções!
Mas só se forem de cretado para o poema
se estrobojarem no poema
se surgirem como um gumito
muciço, encorpado, revigorante.

Cabe rima, mas a falta de rima
Não joga um poema lá em baixo,
Pelo contrário, joga lá no alto
Os versos podem ser tradicionais ou
versos livres
Livres, principalmente, se falamos de passarinhos

Num poema há, ainda, bastante espaço para
a exaltação do belo
E da bela, é claro!

Nenhum comentário:

Postar um comentário