sábado, 29 de setembro de 2012

Chiclete do Diabo



Dona Neinha é empregada domestica
Igual a muitas outras guerreiras
Exaltadas pelo Tayrone Cigano
Este mais artista que certos fulanos
da mídia

Secretária do lar?
Faça-me uma garapa
Pois ser faxineira não é vergonha
Vergonha é vê-la na telazinha
Satirizada por débeis artistas

Vergonha é cruzar os braços e
esperar a grana chegar
com a bunda grudada no sofá
Achando graça em termos pejorativos
que no intervalo dos risos
causam asco, náuseas

Não coloco na boca
esse chiclete do Diabo
E por todos, mastigado

Papel de demente dá muito trabalho
Não é pra qualquer um
Por isso colocam sempre as mesmas caras
para interpretar
Só mudam os nomes das personagens
E olhe lá!

Sempre a mesma historia
A mesma comedia barata
O mesmo suspense, batido
A mesma ficção
Sem noção
Manual de artimanhas, preconceito e
traição

Do esplendor cinematográfico
Ao charco novelística
Em Guerra de Canudos
inclusive a meretriz Luiza comoveu-me
pela excelente interpretação da atriz
Agora me dão nojo
esses sotaques estereotipados
Produzido em laboratórios Miojo

Jorge Amado não viu Gabriela
virar coadjuvante
Assim, parece até que eu odeio novelas
Nana-Nina-Não
Eu gostava de Chiquititas
Carrossel sem Maisa
E o besteirol brasileiro
em malhação

Mas, se isso que vemos hoje na tela é
sinônimo de criatividade e talento
O mercado artístico tende a inchar
No zoológico vai faltar anta
E aqui, na lavagem do Bonfim, vai faltar jumento

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