É
como se sussurrassem poesias
com
o seu canto doce.
Coitada
destas pobres aves, com face de anjo,
que
muitas vezes ajudei a quebrar a casca do ovo.
Já
não as criam,
e
nem jogam milho para que elas bailem.
Elas
nunca foram tão injustiçadas...
Agora
são pragas,
temidas
mesmo
quando não estão doentes.
Só
porque pintam, uma vez ou outra,
a camisa e o cabelo dos transeuntes.
Prefiro
elas aos bustos ridículos
de
falsos heróis, barões e presidentes
que
nada de bom fizeram ou fazem pela gente.
Qualquer
gato e cachorro sujo têm
mil
advogados a seu favor.
Mas
eu amos todos os animais.
Mesmo
cobras, morcegos e sapos.
Por
isso defendo esse animal sagrado.
Aves
tristes e carentes,
que
são felizes vivendo, como nenhuma outra,
tão
próximas da gente.
São
anjos com asas fortes e rápidas.
Reflexos
metálicos na plumagem,
como
a de um beija-flor ou pavão.
Além
de muito elegantes, suas penas também
apresentam
grande variação de padrão.
Há
muito elas não são sinônimos de paz.
As
glórias e esplendor - ficaram tudo pra trás,
quando
sobrevoou mares
e
voltou à tardinha, trazendo no bico
uma
folha verde de oliveira
e
esperança para Noé e sua família.
Mais
tarde, no rio Jordão,
quando
Jesus estava orando, o céu se abriu
e
o Espírito Santo desceu sobre ele
na
forma de uma pomba.
Habilidosas,
como
pombos-correio, deixaram
muitos
soldados no chinelo.
Durante
a segunda grande guerra
desempenharam
atos heróicos.
Ajudaram
a salvar a vida de muitas pessoas
e
ganharam medalhas de honra ao mérito.
Repugnância é um exagero.
Atribuir
meia centena de doença
e
nenhum registro de contaminação.
Quem
contamina e mata é o próprio homem,
com
sua intolerância, indiferença,
imprudência,
violência e ganância,
não
os pombos, pombas!
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