sábado, 29 de setembro de 2012

Faquir do ocidente



No inverno só tomo banho gelado.
Gosto de dormir sem camisa,
sem travesseiro e sem cobertor.
Mesmo no verão não simpatizo
com ar-condicionado e odeio ventilador.
No “buzão” o meu assento preferido é o que tem algum raio de sol.
Quando estou com muita disposição,
ou nenhum dinheiro,
faço a pé caminhadas extensas,
pois não tenho se quer um “camelo”.
Não entendo porque ando com tanta pressa
para chegar a lugar nenhum.                         
No trabalho uns dizem que sou faquir,
devido ao meu desinteresse por lanche
e alimentação durante as longas jornadas...
Dois ou três noites sem dormir não é tão difícil.      
Um fim de semana inteiro dormindo também não é.
Nunca cruzei nenhum deserto a pé.
Tampouco suportaria um jejum de quarenta dias
como prova de resistência.
Nunca tomei picada de cobra alguma.
No máximo a de um de seus piolhos.
Não sou nenhum monge maometano,
adepto do islamismo ou do hinduísmo,
mas sei me castigar como ninguém.
Não durmo em cama de pregos nem caminho sobre vidro.
Não ando sobre facas,
mas todos os dias tenho que
esmurrar a ponta de uma, pelo menos.
Não vivo de esmolas.
Nem as quero em troca dos meus versos.
Nesta vida só peço o que mereço.
Sofrimento é sinônimo de paixões e desejos.
Gozo de muitos prazeres.
Assim, sou escravo de todos eles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário