sábado, 29 de setembro de 2012

Eu ainda continuo aqui



Nunca saí daqui
Desse bairro, dessa rua
Desse estado chamado Bahia
Desse meu mundo chamado lua

Vivo em Salvador
Mas não me salvam de mim mesmo
Nem eu posso
porque estou preso em minha mente
Lugar misterioso, escuro, ermo

O trem só me tira da cidade
Não me tira de perto de mim
Meus pensamentos me sequestram
Levam-me para lugares desconhecidos
De lá vejo que eu ainda continuo aqui

Parado eu sempre vou mais longe
Principalmente quando ando a pensar
Até as pirâmides de Queops, Quéfren e Miquerinos eu já fui visitar
Não foram carros, trem ou aviões que me levaram tão longe
Sem imaginação fértil não há rodas ou asas que me tire deste lugar

Fico triste porque há lugares no mundo que nunca irei
Como aqueles bairros ali
Não há rios, oceanos, montes ou deserto para atravessar
Mas eu decalco todos os dias meus caminhos exatamente no mesmo lugar

Às vezes me encontro perdido em lembranças de um passado remoto
Minutos depois me encontro perambulando num futuro que eu sei que não haverá
Só não me encontro no presente, pois sempre estou ausente
resolvendo coisas em outro lugar

O astronauta usou um foguete
para descobrir os mistérios do universo
Eu uso as palavras
em forma de um cavalo alado
que atende pelo nome verso

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