sábado, 29 de setembro de 2012

Vida de gato


No ventre de Bastet eles já eram
herdeiros da lua
Ainda assim foram parar na fogueira da
inquisição
Até chegarem pestes bubônicas
montadas em seus ratos
Quando olharam para os gatos como
uma agradável solução.

Eles têm muito a ensinar aos cães de caça
São silenciosos e discretos
enquanto
esgueiram-se lentamente entre os objetos
Não usam força nem velocidade
Já que esbanjam técnica e habilidade.

Não podem trabalhar para o esquadrão anti-bomba
Não são farejadores,
embora bons de faro e determinados,
mas andam na ponta dos pés
como se andassem em campo minado.

São charmosos e elegantes
do persa ao pé-duro
Se deixar passa a noite toda encima do muro
Mas sempre sabe o que quer
E vai buscar...
com mais unhas que dentes.

Tanta autonomia custou-lhes um alto preço
Seres humanos gostam de bajuladores,
devotos que os imitem
Por isso um grande número de gatos vive abandonado,
sem casa, sem dono, sem endereço.

Gatos são como poetas;
Enxergam vida no escuro,
sofrem em silêncio,
brincam sozinho,
brincam com qualquer coisa.
Brincam com tudo
e com o nada.

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